14 de outubro ficará na história do centro de tratamento de hipertensão pulmonar do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) como o dia em que, pela primeira vez, foi implantada uma bomba subcutânea (LenusPro®), que permite a administração de treprostinil, um fármaco usado no tratamento da hipertensão pulmonar. Os procedimentos cirúrgicos dos dois doentes implantados foram efetuados pelo Dr. Pedro Marques, do Serviço de Cardiologia do CHULN, sob a orientação de um expert alemão com a experiência na colocação destas bombas. O Dr. Rui Plácido (na foto), assistente hospitalar de Cardiologia do CHULN, apontou, num vídeo que publicamos em seguida, as vantagens deste procedimento inovador em Portugal.
“No dia 14 de outubro, demos mais um passo na abordagem dos doentes com hipertensão pulmonar, através da implantação de uma bomba totalmente subcutânea para administração de treprostinil, um análogo das prostaciclinas, usado no tratamento da hipertensão pulmonar”, afirmou o Dr. Rui Plácido, assistente hospitalar de Cardiologia do CHULN, apontou.
“A via das prostaciclinas é um dos principais alvos terapêuticos na hipertensão arterial pulmonar, sobretudo em doentes de elevado risco de mortalidade ou hospitalização por insuficiência cardíaca”, esclarece o Dr. Rui Plácido, acrescentando que, “devido às suas semividas curtas, os análogos de prostaciclinas são geralmente administrados por via parentérica contínua”. Assim, esta administração é “tradicionalmente realizada por cateter conectado a uma bomba externa e introduzido no espaço subcutâneo ou no sistema venoso central”.
Ainda que “a sua utilização tenha demonstrado uma melhoria significativa na capacidade funcional, perfil hemodinâmico e redução do risco de mortalidade”, o cardiologista lembra que, “infelizmente, a administração destes fármacos por via parentética é frequentemente limitada por efeitos adversos potencialmente graves, tais como infeções, dor no local de administração e interferência na qualidade de vida, nomeadamente limitação na exposição corporal à água, como tomar banho”.
Neste sentido, afiança o cardiologista que “o desenvolvimento das bombas totalmente implantáveis veio melhorar significativamente a qualidade de vida dos doentes e reduzir os riscos associados”. É o caso da bomba LenusPro®, que “consiste num sistema acionado mecanicamente através de um mecanismo que opera por armazenamento de gás pressurizado num reservatório de titânio, o que permite uma infusão contínua a uma taxa constante”. O fármaco administrado, através da bomba, é o treprostinil, que é “colocado nesse reservatório que é implantado no espaço celular subcutâneo da região abdominal sob anestesia local”.
“A bomba é conectada, através de um cateter tunelizado, à veia cava superior, ficando acessível por uma interface de silicone perfurável diretamente sob a pele. A cada 29 dias o doente desloca-se ao centro de tratamento de hipertensão pulmonar para preenchimento do reservatório da bomba com treprostinil, através de uma agulha especial”, salientou o Dr. Rui Plácido.
Segundo esclareceu o cardiologista, esta solução terapêutica está associada a inúmeras vantagens para o doente, desde logo a possibilidade de “menos restrições de movimentos e ausência de limitação na exposição corporal à água”. Adicionalmente, com o preenchimento do reservatório em intervalos muito maiores, “é garantida uma melhor qualidade de vida e maior adesão à terapêutica”, verificando-se ainda uma “redução significativa das taxas de infeção, sem dor local”. A implantação deste dispositivo em dois doentes seguidos no CHULN, que aconteceu pela primeira vez no dia 14 de outubro, decorreu “sem quaisquer intercorrências”.
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